segunda-feira, 26 de março de 2012

O vagabundo


              Carlitos é sem dúvida o personagem mais carismático, criado por Charles Chaplin, no filme Tempos Modernos ele se entrega ao capitalismo como forma de sobrevivência, porém não se rende à mecanização do seu corpo e da sua mente.
            Quando tenta se integrar às engrenagens não se entende com elas. Quando deixa cair sua caixa de equipamentos no meio da engenhoca vê as peças e ferramentas voando pelos ares, tal qual as pessoas que quando não se adaptam ao meio são lançadas para fora como se fossem peças soltas.
            Se Chaplin fizesse hoje um filme sobre a modernização do trabalho, não estaria girando entre as engrenagens da fábrica, possivelmente estaria feito louco de um lado para o outro com o celular no ouvido e em meio a pilhas e pilhas de papéis e computadores gritando que não tinha tempo para nada. O tempo antes era ditado pela velocidade das máquinas agora é comandado pela agilidade das informações.
            O filme apresenta um dualismo histórico. De um lado os meio acelerados de trabalho e de produção, que é a cara do capitalismo. Do outro, a amizade, porque não dizer o amor quase que paternal do operário pela jovem órfã. Uma relação de cuidado e atenção que vai além das aparências, além do que uma pessoa possa adquirir.
            A modernidade juntamente com a tecnologia tem o poder de aproximar as pessoas. Com certeza estamos cada vez mais próximos uns dos outros através dos meios de informações e das redes sociais. Porém, tenho minhas dúvidas em relação à qualidade desta aproximação, se a usufruímos de forma ideal. Passamos horas em frente ao computador, lendo sobre o que as pessoas fazem , gostam, sentem. Mas não tocamos em suas mãos, não sentimos seu cheiro, não desfrutamos das coisas que lhe dão prazer.
            A fluidez das relações é uma característica da sociedade moderna, a velocidade em que temos acesso às pessoas também é a mesma em que elas se vão das nossas vidas. 

Isabel Vargas - Março 2012.

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