domingo, 22 de setembro de 2013

Os 10 casos mais bizarros de histeria coletiva

Conheça histórias de pânicos e histerias que tomaram conta de grupos de pessoas de forma desproporcional ou inexplicável.

Você já deve ter ouvido falar sobre a histeria coletiva, mas caso não saiba nada sobre isso, prepare-se para conhecer uma das mais intrigantes situações psicológicas que podem se desenvolver na mente humana.
Os surtos de histeria coletiva (também conhecidos como a doença psicogênica de massa) acontecem quando um grupo de pessoas passa a ter sintomas, perturbações ou reações semelhantes, de forma solidária a qualquer fato, imaginário ou exagerado.
Nessa lista, reunimos os mais impressionantes surtos coletivos na história, desde situações de pânico, até reações desproporcionais a qualquer ocorrido do cotidiano. Confira abaixo tudo o que a mente humana é capaz de criar com um pouco de influência externa.

1. A epidemia de riso na Tanzânia

Rir pode ser perigoso. Ao menos é o que você vai constatar após conhecer a história bizarra de histeria coletiva que ocorreu na Tanzânia. Inexplicavelmente, uma piada contada dentro de um colégio interno fez com que a população de diversas cidades na região de Tanganyika tivesse crises de riso incontroláveis.
O fato ocorreu no ano de 1962 e, por mais incrível que possa parecer, só terminou 18 meses depois de ter começado. Segundo pesquisadores, os alunos entraram em crises de riso após ouvir a piada, transmitindo a histeria para seus pais, que a transmitiram para moradores de áreas próximas.
As risadas causaram diversos sintomas derivados do próprio riso incontrolável, como dores, desmaios, problemas respiratórios, erupções cutâneas e até mesmo ataques de choro.

2. A Tragédia do Cine Oberdan

A história aconteceu em abril de 1938 em São Paulo e teve um final assustadoramente trágico, no entanto, começou de uma forma curiosa. Segundo relatos de presentes no local, um pânico tomou conta de uma das salas do Cine Oberdan por conta de um grito de fogo.
No entanto, nunca houve qualquer sinal de incêndio. Muitos atribuíram o ocorrido a certo momento do filme em que dois aviões se chocavam, o que teria motivado o grito de um espectador. Mesmo sem sinais de fumaça, a sala lotada de crianças foi invadida pela histeria coletiva, o que resultou em dezenas de pessoas pisoteadas e mais de 30 mortos.
Sapatos
A versão oficial da policia é um pouco diferente, mas não muda a desproporção entre o fato e a reação do público. Segundo a conclusão dos investigadores, uma das crianças sentiu uma forte dor de barriga durante o filme e, após diversas tentativas desesperadas de encontrar o lanterninha, o menino resolveu ir sozinho ao banheiro.
Embora ele não tenha conseguido chegar ao destino a tempo, o jovem (que acabou fazendo suas necessidades no caminho) seguiu até o sanitário, onde as luzes estavam apagadas. Vendo uma pilha de jornais, ele resolveu fazer um tipo de tocha para visualizar o ambiente. A porta entreaberta permitiu que um espectador visse a luz da chama. Ele então teria gritado, o que gerou todo o pânico no local. O incêndio jamais existiu, mas as consequências da histeria aniquilaram famílias inteiras.

3. O rio de água doce

O Mahim Creek é um dos rios de água salgada mais poluídos da Índia. Ele recebe toneladas de esgoto e resíduos industriais todos os dias. No entanto, em 2006 a notícia de que sua água havia ficado doce e potável se espalhou, sem que haja qualquer explicação para o boato.
Mahim Creek

Em poucas horas, mais rumores de que outros rios haviam se tornado potáveis na região começaram a surgir. Enquanto autoridades temiam surtos de doença e tentavam alertar as pessoas de que não deveriam beber a água, dezenas de moradores já haviam coletado água em garrafas plásticas.
No dia seguinte, aqueles que acreditavam no boato diziam que as águas haviam se tornado salgadas novamente. Não existem dados sobre os danos causados após o episódio.

4. A epidemia do inseto

Em 1962, uma misteriosa doença surgiu em uma fábrica de tecidos dos Estados Unidos. Após boatos de que insetos existentes no galpão transmitiriam um vírus extremamente resistente, dezenas de trabalhadores passaram a apresentar os sintomas da suposta doença, como náuseas, tonturas, vômitos e sonolência.
No entanto, nunca foi encontrada qualquer evidência de que estes insetos existiram realmente, nem mesmo mordidas nos corpos dos indivíduos infectados. Pesquisadores acreditam que a ansiedade e a tensão causadas pelos boatos foram responsáveis pelos sintomas.

5. A Guerra dos Mundos

Essa é possivelmente a história de histeria coletiva mais conhecida do mundo. Em 1938, uma adaptação de A Guerra dos Mundos foi transmitida pela rádio Columbia Broadcasting System, no entanto, não foi recebida da forma esperada.
Dirigido e narrado por Orson Welles, o episódio foi ao ar em meio à tensão dos momentos que antecediam a II Guerra Mundial. Alguns ouvintes não sabiam que a narração se tratava de uma leitura de peça de ficção e, ao ligarem o rádio no meio da transmissão, acreditaram que aquilo se tratava de um boletim de notícias.
News
Até o final da tarde, o que era apenas ficção havia se tornado realidade: milhares de pessoas tomaram as ruas de cidades como Nova York e Nova Jersey, em pânico com a suposta guerra que havia começado. A polícia levou horas para acabar com a confusão, que virou noticiário em todo o mundo.

6. O homem-macaco assassino

Em 2001, rumores começaram a circular por toda a Índia de que uma estranha criatura metade homem e metade macaco aparecia durante a noite atacando pessoas. Dezenas de relatos oculares inconsistentes começaram a surgir, mas mesmo sem qualquer comprovação de existência da criatura, a histeria tomou conta da região.
reprodução
A polícia registrou três casos de pessoas que morreram e mais 15 que que machucaram gravemente ao saltar de janelas, acreditando terem visto a criatura em seus quartos durante a noite. nenhuma evidência foi encontrada.

7. Onze pessoas e o diabo

Em Paris, no ano de 2010, um caso de histeria coletiva completamente sem sentido chocou o mundo. Um homem, ao levantar-se nu no meio da noite para esquentar a mamadeira de seu filho, foi confundido pela própria esposa com o “Diabo”.
Ao vê-lo, ela começou a gritar por socorro, chamando o homem de diabo. A irmã dele, ouvindo os gritos feriu a mão do rapaz com uma faca. Outras 10 pessoas da família ajudaram as mulheres a expulsarem o homem do local. Inexplicavelmente, nenhum deles reconheceu o indivíduo para desfazer a confusão.
O rapaz então tentou voltar ao apartamento. Com isso, todos que moravam no local começaram a saltar da janela, tentando fugir do que eles acreditavam ser o demônio. Na confusão, várias delas se machucaram e um bebê de quatro meses morreu. A polícia não encontrou qualquer droga no local, nem mesmo evidências de cultos religiosos ou obscuros no apartamento.

8. O atentado terrorista que nunca existiu

Em Melburne, Austrália, uma funcionária do aeroporto internacional da região desmaiou na escada rolante. Sem qualquer motivo aparente, isso foi confundido por outros funcionarios com um ataque terrorista. O sistema de ar condicionado foi desligado para evitar que o suposto gás não se espalhasse pelo local.
A perícia jamais descobriu qualquer sequela de substâncias tóxicas no local, no entanto, mais de 50 pessoas foram levadas ao hospital apresentando sintomas semelhantes aos da funcionária que havia desmaiado – e que, na verdade, apenas teve um mal súbito.

9. O espírito cearense

Em 2010, uma escola no interior do Ceará teve suas aulas interrompidas após um caso de surto coletivo. Dezenas de alunos entre 12 e 19 anos diziam ver o espírito de um estudante que havia morrido.
Vários adolescentes entravam em um tipo de transe ao estar dentro da escola, o que fez com que um boato de que a instituição seria assombrada surgisse. Psicólogos, parapsicólogos e até mesmo um padre foram chamados para conversar com os alunos e explicar o que estava acontecendo.
Mesmo com a ajuda dos profissionais, os casos de desmaios e sintomas semelhantes a convulsões só aumentaram, o que fez com que a escola tivesse que ser fechada por um período. Após o intervalo, o caso aparentemente se resolveu.

10. A dança da morte

Em 1518, um caso de histeria de dança incontrolável surgiu em Estrasburgo, na França. Fao Troffea, uma moradora da região, começou a dançar na rua, aparentemente sem motivo e sem qualquer música tocando.
reprodução
Relatos dão conta de que seus passos fervorosos duraram entre quatro a seis dias, sem interrupção. Em uma semana, 34 pessoas já haviam se juntado à dançarina e em menos de um mês havia mais de 400 pessoas dançando freneticamente nas ruas. A maioria dessas pessoas acabaram morrendo de exaustão ou por causas como ataques cardíacos e derrames.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Porque música também molda a personalidade!

- Como pode alguém sonhar
o que é impossível saber?
- Não te dizer o que eu penso
já é pensar em dizer
e isso, eu vi,
o vento leva!
- Não sei mais
sinto que é como sonhar
que o esforço pra lembrar
é a vontade de esquecer...


Rodrigo Amarante

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise, Humanismo, Psicologia Transpessoal e Psicologia Cognitiva


Definições:


Estruturalismo
Considera-se como fundador da psicologia moderna Wilhelm Wundt, por ter criado, em 1879, o primeiro laboratório de psicologia na universidade de LeipzigAlemanha. A psicologia se tornou uma ciência independente da filosofia graças a Wundt, nos finais do século XIX. Foi a partir deste acontecimento que se desenvolveram de forma sistemática as investigações em psicologia, através de vários autores que a esta ciência se dedicaram, construindo múltiplas escolas e teorias.
Wundt criou o que, mais tarde, seria chamado de Estruturalismo, por Edward Titchener; cujo objecto de estudo era a estrutura consciente da mente, as sensações. Segundo esta perspectiva, o objectivo da psicologia seria o estudo científico da Experiência Consciente através da Introspecção. Titchener levou a idéia da psicologia para os Estados Unidos da América, modificando-a em alguns pontos. As principais limitações do Estruturalismo residem no facto de a introspecção não ser um verdadeiro método científico incontestável e de esta corrente excluir a psicologia animal e infantil. Esta corrente foi extinta em meados do século XX.

Funcionalismo
O funcionalismo é o modelo que substitui o estruturalismo na evolução histórica da psicologia, sendo o seu principal impulsionador William James. O principal interesse desta corrente teórica residia na utilidade dos processos mentais para o organismo, nas suas constantes tentativas de se adaptar ao meio. O ambiente é um dos factores mais importantes no desenvolvimento. Os funcionalistasqueriam saber como a mente funcionava, e não como era estruturada.

Behaviorismo, a primeira potência
A maior escola de pensamento americana surgiu no início do século XX, sendo influenciada por teorias sobre o comportamento e fisiologia animal. A tradução da palavra inglesa behavior é "comportamento", portanto, o foco de estudo do comportamentismo ou comportamentalismo (título traduzido) é o comportamento observável, e o condicionamento é o método utilizado nesta escola. Foi fundada por John B. Watson (behaviorismo metodológico), que acreditava que o controle do ambiente de um indivíduo permitia desencadear qualquer tipo de comportamento desejável. Traz do funcionalismo a aplicação prática da psicologia; o seu foco está na aprendizagem. Erroneamente, muitos divulgam que através desta perspectiva não se pode estudar cientificamente os pensamentos, desejos e sentimentos, entretanto, o próprio Watson tem extensos trabalhos sobre pensamento e emoções humanas.
Foi influenciado, inicialmente, pelas teorias de Ivan Pavlov e Edward Thorndike. E, posteriormente, pelas teorias do operacionismo. Foi Burrhus Frederic Skinner o maior autor neocomportamentalista, levantando a tona seu condicionamento operante e a modificação do comportamento (Behaviorismo Radical).
No meio do século XX, vários autores escreveram sobre o pensamento e a cognição. Diziam fazer parte do comportamento este pensamento, estava sendo criada uma divisão no behaviorismo: a psicologia cognitiva. Alguns autores desta escola foram Albert BanduraJulian Rotter e Aaron Beck. Estes falavam que o comportamento pode ser entendido também a partir da cognição e que o aprendizado pode existir sem a necessidade de condicionamento em laboratório, mas pela observação e elaboração do que foi visualizado. É chamada de a primeira grande força da psicologia.

Gestalt, a psicologia da forma
Fundada dentro da filosofia por Max WertheimmerKurt Koffka e Wolfgan Koller , a gestalt traz novas perguntas e respostas para a psicologia. Ela se detém nos campos da percepção e na visão holísticado homem e do mundo. A palavra gestalt não tem uma traduçãoexata para o português, mas pode ser entendida como "forma", "formato", "configuração". Critica principalmente a psicologia de Wundt, que é chamada de psicologia do "tijolo e argamassa", pois vê a mente humana dividida em estruturas.
gestaltismo mais conhecido como psicologia da forma que surge na Alemanha, no incio do século XX. Em oposições clara a J. Watson, seus mais importantes representantes foram Max WertheimmerKurt Koffka e Wolfgan Koller. Seus estudos partiam da experiência imediata, utilizando como método a fenomenologia. Segundo esses estudiosos, os fenomenos da percepção, da memória e da afetividadeeram vivenciados sob forma de estruturas. Eles recusavam a idéia de Watson, para quem o comportamento era unicamente dependente do estimulo (relação conhecida como estímulo-resposta ou E-R), afirmando que a forma resultante de um processo de percepção era muito mais que a soma das partes. O gestaltismo trazia como preocupação central a necessidade de se relacionar a experiência imediata dos sujeitos com a natureza física e biológica e com o mundo dos valores socioculturais.
gestalt preocupa-se com o homem visto como um todo, e não como a soma das suas partes (o lema da gestalt é justamente este: "O todo é mais que a soma das suas partes"). No ano de 1951, Frederic S.Perls cria a teoria Gestalt-terapia, que contou com os colaboradores Laura Perls e Paul Goodman, com base na filosofia de Martin Buber, das terapias corporais de Reich, em filosofias orientais, na teoriaorganísmica de K. Goldstem, na teoria de campo de Kurt Lewin, no holismo e em outros.

Psicanálise
A psicanálise teve seus primórdios com Sigmund Freud (1856-1939) entre o fim do século XIX e início do século XX através dos estudos sobre a histeria, acompanhado primeiramente pelo seu mestre, Charcot. Este havia descoberto que a histeria era doença de caráterideogênico, ou seja, baseado nas idéias e não originada de distúrbios orgânicos, e portanto não era uma doença tipicamente feminina, do útero (Hysteron em grego significa "útero").
Também pode ser-lhe creditado a hipótese de que a histeria fosse efeito de uma dissimulação, uma vez que o sintoma poderia ser evocado e suprimido por força da sugestão ou da hipnose. Isso foi descoberto devido a sugestão hipnótica, pois pessoas que não apresentavam histeria, poderiam ser sugestionados a apresentar sintomas histéricos tais como a conversão. Freud, ficou impressionado com o método hipnótico e o estudo da histeria. Passou, então a praticar o método de Charcot, que mais tarde ganhou um diferencial, a catarse, estudado conjuntamente com seu colega Breuer. Com o livro dos dois, Estudos sobre a Histeria, foi fundado a psicanálise. O método hipnótico foi abandonado por Freud, dentre outros motivos, por apenas suprimir os sintomas sem que promovesse a cura, e também, como modo de atender a uma paciente (Fräulein Elizabeth), que havia lhe pedido para apenas falar, sem a hipnose. Foi denominada por ela a psicanálise como a "cura pela fala". Freud então foi modelando sua teoria, sendo caracterizada fundamentalmente por investigar o inconsciente, ganhando contornos da sexualidade, principalmente as pulsões da sexualidade infantil, tópico este polêmico para a sociedade da época. Cabe dizer que o termo sexualidade confunde-se até hoje em dia, no senso comum, com sexo e no entanto para Freud a sexualidade dá conta da organização do prazer e a construção psíquica dos meios para satisfazê-la.
Outro personagem importante da psicanálise é Carl G. Jung, primeiro presidente da sociedade psicanalítica. Com o avanço da teoria de Freud em cima da sexualidade infantil, Jung, que não concordava com o que Freud dizia acerca do assunto, rompe com o psicanalista e segue outro caminho, criando uma nova teoria, denominada psicologia analítica. A sua proposta foi de "dessexualizar" o ego. Mas Freud retifica o ex-colega, dizendo que "o ego possui várias naturezas das pulsões, mas a pulsão sexual é a que ganha mais investimento". Duvidaram que Freud tivesse "criado" o termo inconsciente, mas tal conceito foi feito anos antes, e Freud utilizou-se dele com outro sentido, encarregando-se de criar uma teoria toda em cima do termo: antigamente, inconsciente significava não-consciência e, na psicanálise, inconsciente significa uma outra ordem, com outras regras, um dos elementos do aparelhos psíquico, constituído por pensamentos, memórias e desejos que não se encontram ao nível consciente mas que exercem grande peso no comportamento. Este é o mérito de Freud. Após a morte de Freud, a psicanálise teve muitos membros que a cisionaram, criando obras chamadas neopsicanalíticas Anna Freud (filha de Sigmund Freud), Melanie Klein, Lacan, Bion, Winnicott etc.) ou outras teorias diferentes (Carl G. Jung, Alfred Adler, Erik Erikson, Carl Rogers etc..
A psicanálise hoje se apresenta de várias formas, que são a psicanálise ortodoxa, a psicanálise nova (ou neopsicanálise) e a psicologia de orientação analítica (utilizada não só por psicanalistas formados, mas também por psicólogos não especializados), todas com algumas peculiaridades.
É a segunda grande força de psicologia, e segundo o Conselho Federal de Psicologia Brasileiro  e demais CRPs, a psicanálise é aceita no meio acadêmico, porém só pode ser utilizada de forma integral com uma especialização, caso contrário deve-se utilizar da técnica de psicoterapia de orientação psicanalítica.

Humanismo
O enfoque da psicanálise no inconsciente, e seu determinismo, e o enfoque na observação apenas do comportamento, pelo behaviorismo, foram as críticas mais fortes dos novos movimentos de Psicologia surgidos no meio do século XX. Na verdade o humanismo não é uma escola de pensamento, mas sim um aglomerado de diversas correntes teóricas. Em comum elas têm o enfoque humanizador do aparelho psíquico, em outras palavras elas focalizam no homem como detentor de liberdade, escolha, sempre no presente. Traz da filosofia fenomenológico existencial um extenso gabarito de idéias. Foi fundada por Abraham Maslow, porém a sua história começa muito tempo antes.
A Gestalt foi agregada ao humanismo pela sua visão holística do homem, sendo importante campo da Psicologia, na forma de Gestalt-Terapia. Mas foi Carl Rogers, um psicanalista americano, um dos maiores exponenciais da obra humanista. Ele, depois de anos a finco praticando psicanálise, notou que seu estilo de terapia se diferenciara muito da terapia psicanalítica. Ele utilizava outros métodos, como a fala livre, com poucas intervenções, e o aspecto do sentimento, tanto do paciente, como do terapeuta. Deu-se conta de que o paciente era detentor de seu tratamento, portanto não era passivo, como passa a idéia de paciente, denominando então este como cliente. Era a terapia centrada no cliente ( ou na pessoa) Seus métodos foram usados nos mais vastos campos do conhecimento humano, como nas aulas centradas nos alunos, etc. Apresentou três conceitos, que seriam agregados posteriormente para toda a Psicologia. Estes eram a congruência (ser o que se sente, sem mentir para si e para os outros), a empatia (capacidade de sentir o que o outro quer dizer, e de entender seu sentimento), e a aceitação incondicional (aceitar o outro como este é, em seus defeitos, angústias, etc.). Erik Erikson, também psicanalista, trouxe seu estudo sobre as oito fases psicossociais, em detrimento às quatro fases psicossexuais de Freud, onde todas as fases eram interdependentes, e não necessariamente determinam as fases posteriores; para ele o homem sempre irá se desenvolver, não parando na primeira infância. Viktor Frankl, com sua logoterapia, veio a acrescentar os aspectos da existência humana, e do sentido da vida, onde um homem, quando sente um este vazio de sentido na vida, busca auxílio pois não se sente confortável em viver sem sentido ou ideais. Diz também que eventos muito fortes podem adiantar a busca pelo sentido da vida. Tais eventos podem criar desconforto, trauma intenso, mas podem criar um aspecto de fortaleza no indivíduo.

Pirâmide de Maslow. 
Maslow trouxe, para a psicologia que havia fundado, estes autores, agregando, ainda seus estudos sobre a pirâmide de necessidades humanas. Para ele, as necessidades fisiológicas precisam ser saciadas para que se precise saciar as necessidades de segurança. Estas, se saciadas, abrem campo para as necessidades sociais, que se saciadas, abrem espaço para as necessidades de auto-estima. Se uma destas necessidades não está saciada, há a incongruência. Quando todas estiverem de acordo, abre-se espaço para a auto-realização, que é um aspecto de felicidade do indivíduo. Esta é hoje a terceira grande força dentro da psicologia.

Psicologia Transpessoal
Maslow estava insatisfeito com sua própria teoria, dizendo que faltava-lhe o facto de o homem ser um ser espiritualizado. Para ele, era importante a espiritualidade e as características da consciência alterada, teoria de Stanislav Grof. Criou então, com ajuda de outros psicólogos, uma teoria que era abrangente nesse aspecto. Incorporou idéias de Carl G. Jung, que era um estudioso dos aspectos transcendentais da consciência, na Psicologia transpessoal. Esta fala de vários níveis de consciência, que vão do mais obscuro, (a sombra), até o mais alto grau de consciência, o transpessoal. Por ter seu foco na consciência e seus aspectos, foi também chamada de psicologia da consciência. Seu estudo é recente e traz características que necessitam de um aprofundamento maior.

Psicologia Cognitiva
Tendo em seus primórdios, entre outras, as teorias de Jean Piaget, a Psicologia Cognitiva é um dos mais recentes ramos da investigação em psicologia, tendo se desenvolvido como uma área separada desde os fins dos anos 1950 e princípios dos anos 1960, diferenciando-se das influências behavioristas da época por afirmar a existência de estados mentais internos como: o desejo; as motivações (consubstanciação do desejo, consciente ou inconsciente, na conduta dos indivíduos); e as crenças (sistema de suposições desejadas, consciente ou inconscientemente, individual ou coletivamente).
O termo "Psicologia Cognitiva" começou a ser usado com a publicação do livro Cognitive Psychology de Ulrich Neisser em 1967. Desde então, o paradigma dominante na área foi o do processamento de informação, modelo defendido por Broadbent. Neste quadro de pensamento, considera-se que os processos mentais são comparáveis a software a ser executado num computador que neste caso seria o cérebro. As teorias do processamento de informação têm como base noções como: entrada; representação; computação ou processamento e saídas.
A partir dos estudos em Psicologia Cognitiva, desenvolveu-se a Terapia Cognitiva (ou Cognitivo-comportamental), por Aaron Beck, ex-psicanalista norte-americano. Sua ênfase está na investigação e remodelamento das crenças, esquemas e pensamentos disfuncionais que gerariam os distúrbios psicológicos.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Esquizo-análise

A esquizo-análise é uma análise, sempre parcial e provisória, do processo de produção do mundo, através dos arranjamentos que incidem num certo contexto.
     “Que é um arranjamento? É uma multiplicidade que comporta muito de termos heterogêneos e que estabelece ligações, relações entre eles, através das idades, dos sexos, dos reinos — das naturezas diferentes. Por isto, a única unidade do arranjamento é de co-funcionamento: é uma simbiose, uma ‘simpatia’. O importante jamais são filiações, mas as alianças e as ligas; não são as hereditariedades, as descendências, mas os contágios, as epidemias, o vento” (Deleuze e Parnet, 1996, p. 84).
       "A esquizo-análise será, pois, essencialmente excentrada em relações às práticas ‘psi’ profissionalizadas, com suas corporações, sociedades, escolas, iniciações didáticas, ‘passe’, etc. (...) Não somente não haverá protocolo esquizo-analítico normalizado, mas uma regra fundamental, uma regra antiregra imporá uma constante recolocação em questão dos Arranjamentos analisadores em função de seus efeitos de retroalimentação {feed-back} sobre os dados analíticos” (Guattari, 1989, p. 28 e 30).
       A esquizo-análise se colocará questões e tarefas.
      “Como um Arranjamento assegura a continuação de uma outro Arranjamento para ‘gerir’ uma situação dada? Como um Arranjamento analítico, ou pretendido tal, pode mascarar um outro? Como vários Arranjamentos entram em relação e o que advém daí? Com explorar, num contexto em aparência totalmente bloqueado, as potencialidades de constituição de novos Arranjamentos? Como ‘assistir’, se o caso se apresenta, as relações de produção, de proliferação e a micropolítica destes novos Arranjamentos?” (Guattari, op. cit., p. 30). Como isto marcha?
       “A esquizo-análise renuncia a toda interpretação, porque ela renuncia deliberadamente a descobrir um material inconsciente: o inconsciente nada quer dizer. Em revanche, o inconsciente faz máquinas, que são as do desejo e das quais a esquizo-análise descobre o uso e o funcionamento na imanência às máquinas sociais. O inconsciente nada diz, ele maquina. Ele não é expressivo ou representativo, mas [ é ] produtivo” (Deleuze e Guattari, 1995, p. 213).
        “Assim, a caminhada esquizo-analítica jamais se limitará a uma interpretação de ‘dados’; ela terá interesse, muito mais fundamentalmente, no ‘Dando’, nos Arranjamentos que promovem a concatenação dos afetos de sentido e dos efeitos pragmáticos” (Guattari, 1989, p. 30).
        Cabe à esquizo-análise “descobrir sob o abatimento familiar a natureza dos investimentos sociais do inconsciente” (Deleuze e Guattari, 1995, p. 323) e substituir o teatro da representação pela usina da produção desejante, desembaraçando-se do familialismo. E, principalmente, acolher o “cumprimento {realização} do processo {processus} da produção desejante, este processo que se encontra sempre já cumprido enquanto procede e tanto quanto procede”. “Cumprir o processo, não pará-lo, não fazê-lo girar no vazio, não lhe dar uma finalidade” é engendrar uma nova terra por desterritorialização. “Jamais se irá demasiado longe na desterritorialização, na descodificação dos fluxos”.
          Esta tarefa criativa da esquizo-análise exige ousadia e sensibilidade à diferença: “desfamiliarizar, desedipianizar, descastrar, desfalicizar, desfazer teatro, sonho e fantasma, descodificar, desterritorializar — uma pavorosa curetagem, uma atividade malévola” (Deleuze e Guattari, op. cit., p. 458).
         A esquizo-análise, pela cartografia, faz uma agrimensura dos acontecimentos, analisando-os no embate dos conceitos de maioria e de minoria. A maioria se erige como um padrão “em relação ao qual as outras quantidades, quaisquer que sejam, serão ditas menores” (Deleuze e Bene, 1990, p. 124). O território do estalão majoritário é animado por um modelo de poder no qual “de um pensamento se faz uma doutrina, de uma maneira de viver se faz uma cultura, de um acontecimento se faz a História” (Deleuze e Bene, op. cit., p. 97). Estabelecem-se relações de força que tanto mais estandartizam regras e modos quanto mais se faz sentir a fragilidade (ou mesmo a impotência) de um estado de coisas, de uma situação, de um discurso em se franquear ao debate e à contraposição. Compõe uma minoria o conjunto de elementos que, independentemente da quantidade, está excluído do padrão majoritário ou está, subsdiariamente, incluído nele. Há sempre riscos de uma minoria recair na maioria, ao refazer o padrão de poder, ao normalizar-se, ao fechar-se sobre si, ao guetificar-se, ao molarizar-se.
         Fazer psicologia social, via esquizo-análise, é tornar-se minoria: é interceptar o processo de vida da comunidade para subtrair as homogeneizações e superar as estratificações do organismo, da significância e da subjetivação. O organismo, espaço-tempo marcado de arquitetura e ordem, se encarrega da objetividade, da eficiência, da acumulação, da hierarquia, da utilidade, para impedir corrupções. A significância faz passar apenas códigos interpretáveis, cerceando a criação e a livre circulação de signos, para impedir transgressões. A subjetivação recorta e fixa papéis distintos e complementares, para impedir errâncias. É preciso, então, aproveitar a variabilidade, a corrupção, a transversalidade, a transgressão, a heterogeneidade, a errância do mundo para impulsionar o próprio movimento de desterrritorialização da cultura.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Individualismo não é Egoísmo

Nossos ouvidos recebem de forma negativa a palavra individualismo porque a confundimos com egoísmo, um vício que condenamos mesmo quando vive dentro de nós.
Porém não é bom aceitar como verdade absoluta tudo o que aprendemos na infância. Convém refletir a respeito daquilo que pensamos saber.
O individualismo está relacionado à individualidade, ou seja, à capacidade de se reconhecer como unidade, ainda que integrada a um contexto maior – a família, o país, o planeta. Somos indivíduos com, uma parte única em um universo composto de pessoas diferentes que partilham interesses comuns.
O individualismo considera legítimo – o que não significa, em hipótese alguma, prejudicar os direitos daqueles que nos cercam. O individualista tem uma noção clara dos seus limites. Sem essa consciência da fronteira que separa os dos seus, ele não conseguiria se distinguir do todo e perderia seu individualismo.
Nossa sociedade valoriza intensas trocas de sentimentos e idolatra as pessoas que se doam e incondicionalmente. Então, o individualista, que não se entusiasma em trocar, é visto com reservas.
Trata-se de alguém que não espera muito dos outros e prefere dar pouco de si. Esse comportamento não é egoísmo, embora as pessoas cujas expectativas ele o vejam dessa forma.
Egoístas são os que defendem profundas trocas de experiências entre as pessoas , já que exigem muito e dão pouco. Como não sobrevivem sem isso, acusam de egoísmo quem não aceita as regras desse jogo de dar muito e receber pouco.
O alvo em geral são os individualistas, que não se prestam a esse tipo de. Aos egoístas não resta outra saída a não ser se aproveitar dos generosos – aqueles que não se importam em receber muito menos do que seu empenho em doar mereceria.
O egoísta diz “eu me amo” e gosta de apregoar que consegue suprir as próprias necessidades e ficar bem consigo mesmo. O objetivo desse discurso é que sente de sua total dependência – de atenções, de proteção, de companhia.
Se fosse independente de fato, não precisaria tirar vantagem dos relacionamentos. Na verdade, gostaria de ser individualista, de ter força suficiente para bastar a si mesmo, de agüentar com dignidade as dores inerentes à vida, de poder escolher entre trocar ou não experiências.
O individualista possui essa força, enquanto o egoísta o imita exibindo uma energia que .
Por isso, o egoísta se apropria daquilo que: precisa guardar uma cota extra para suprir sua incompetência em lidar com a vida.Faz isso não porque seja mau-caráter, mas porque é um fraco. Conhece suas limitações emocionais e padece dedos que são verdadeiramente independentes. Tenta incorporar suas atitudes e até convence muita gente de sua independência. Mas não engana a si mesmo.

Por Flávio Gikovati

quarta-feira, 28 de março de 2012

"Só se morre uma vez. Mas é pra sempre." MILLÔR



"Millôr Fernandes nasceu. Todo o seu aprendizado, desde a mais remota infância. Só aos 13 anos de idade, partindo de onde estava. E também mais tarde, já homem formado. No jornalismo e nas artes gráficas, especialmente. Sempre, porém, recusou-se, ou como se diz por aí. Contudo, no campo teatral, tanto então quanto agora. Sem a menor sombra de dúvida. Em todos seus livros publicados vê-se a mesma tendência. Nunca, porém diante de reprimidos. De 78 a 89, janeiro a fevereiro. De frente ou de perfil, como percebeu assim que terminou seu curso secundário. Quando o conheceu em Lisboa, o ditador Salazar, o que não significa absolutamente nada. Um dia, depois de um longo programa de televisão, foi exatamente o contrário. Amigos e mesmo pessoas remotamente interessadas - sem temor nenhum. Onde e como, mas talvez, talvez — Millôr, porém, nunca. Isso para não falar em termos públicos. Mas, ao ser premiado, disse logo bem alto - e realmente não falou em vão. Entre todos os tradutores brasileiros. Como ninguém ignora. De resto, sempre, até o Dia a Dia”.
Considerado "um dos poucos escritores universais que possuímos", na opinião do crítico Fausto Cunha, filho de Francisco Fernandes e de Maria Viola Fernandes, Millôr Fernandes nasceu no dia 16 de agosto de 1923 no Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, com o nome de Milton Viola Fernandes. Só seria registrado no ano seguinte, tendo como data oficial de nascimento o dia 27 de maio de 1924. Sua certidão de nascimento, grafada à mão, fazia crer que seu nome era Millôr e não Milton. Seu pai, engenheiro emigrante da Espanha, morre em 1925, com apenas 36 anos. A família começa a passar por dificuldades e sua mãe passa horas em frente a uma máquina de costura para poder sustentar os 4 filhos. Apesar do aperto, o autor teve uma infância feliz, ao lado de 10 tios, 42 primos e primas e da avó italiana D. Concetta de Napole Viola.
Estuda na Escola Ennes de Souza, de 1931 a 1935, por ele chamada de Universidade do Meyer, mas que na verdade era uma escola pública. Diz dever tudo o que sabe a sua professora, Isabel Mendes, depois diretora e hoje nome da escola. Se emociona ao falar sobre ela "...uma mulatinha magra e devotada, que me ensinou tudo que se deve aprender de um professor ou de uma escola: a gostar de estudar. Depois disso, pode-se ser autodidata. Escola, a não ser para campos técnicos/experimentais, é praticamente inútil".
A chegada ao Brasil das histórias em quadrinhos, em 1934, faz de Millôr um leitor assíduo dessas publicações, em especial de Flash Gordon, de autoria de Alex Raymond, e, com isso, dar vazão à sua criatividade. Sob a influência de seu tio Antônio Viola, tem seu primeiro trabalho publicado em um órgão da imprensa — "O Jornal", do Rio de Janeiro, tendo recebido o pagamento de 10 mil reis por ele. Era o início do profissionalismo, adotado e defendido para sempre.
Em 1935, também com 36 anos, falece sua mãe, o que faz com que os irmãos Fernandes passem a levar uma vida dificílima. Essa coincidência de datas leva Millôr a escrever um conto, "Agonia", publicado na revista "Cigarra" em janeiro de 1947, onde afirmava: "Tenho dia e hora marcada para me ir e o acontecimento se dará por volta de 1959". A morte da mãe o leva a morar em Terra Nova, subúrbio próximo ao Méier, com o tio materno Francisco, sua mulher Maria e quatro filhos.
Trabalha, em 1938, com o Dr. Luiz Gonzaga da Cruz Magalhães Pinto, entregando o remédio para os rins "Urokava" em farmácias e drogarias. Durou pouco esse emprego. Logo vai ser contínuo, repaginador, factótum, na pequena revista "O Cruzeiro", que nessa época tinha, além de Millôr, mais dois funcionários: um diretor e um paginador. A revista, anos depois, chegou a vender mais de 750.000 exemplares. Com o pseudônimo "Notlim" ganha um concurso de crônicas promovido pela revista "A Cigarra". Com isso, é promovido e passa a trabalhar no arquivo.
O cancelamento de publicidade em quatro páginas de "A Cigarra" fez com que fosse chamado por Frederico Chateaubriand para preencher as páginas que ficaram em branco. Cria, então, o "Poste Escrito", onde assinava-se Vão Gôgo. O sucesso da seção faz com que ela passe a ser fixa. Com o mesmo pseudônimo, começa a escrever uma coluna no "Diário da Noite". Assume a direção de "A Cigarra", cargo que ocuparia por três anos. Dirigiu também "O Guri", revista em quadrinhos e "Detetive", que publicava contos policiais.
Ciente da necessidade de se aprimorar, estuda no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro de 1938 a 1943.
Em 1940, muda-se para o bairro da Lapa, centro da cidade, e passa a morar próximo a Alceu Pena, seu colega em "O Cruzeiro". Colabora na seção "As garotas do Alceu" como colorista e versejador.
Autodidata, faz sua primeira tradução literária: "Dragon seed", romance da americana Pearl S. Buck, com o título "A estirpe do dragão", em 1942.
No ano seguinte retorna, com Frederico Chateaubriand e Péricles, à revista "O Cruzeiro". Em dez anos, a tiragem foi um grande êxito editorial, passando de 11 mil para mais de 750 mil exemplares semanais.
Em 1945, inicia a publicação de seus trabalhos na revista "O Cruzeiro", na seção "O Pif-Paf", sob o pseudônimo de Vão Gôgo e com desenhos de Péricles.
No ano seguinte lança "Eva sem costela — Um livro em defesa do homem", sob o pseudônimo de Adão Júnior.
Sua colaboração para "O Cruzeiro", em 1947, atinge a marca de dez seções por semana.
Em 1948 viaja aos Estados Unidos, onde encontra-se com Walt Disney, Vinicius de Moraes, o cientista César Lates e a estrela Carmen Miranda. Casa-se com Wanda Rubino.
Publica "Tempo e Contratempo", com o pseudônimo de Emmanuel Vão Gôgo, em 1949. Assina seu primeiro roteiro cinematográfico, "Modelo 19". O filme, lançado com o título "O amanhã será melhor", ganha cinco prêmios Governador do Estado de São Paulo. Millôr é agraciado com o de melhores diálogos.
Em 1951, na companhia de Fernando Sabino, viaja de carro pelo Brasil, durante 45 dias. Lança a revista semanal "Voga", que teve apenas cinco números.
Viaja pela Europa por quatro meses, em 1952.
"Uma mulher em três atos", sua primeira peça, estréia no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo (SP), em 1953.
No ano seguinte, compra o imóvel que se tornaria famoso — "a cobertura do Millôr", no bairro de Ipanema, onde o escritor até hoje vive. Nasce seu filho Ivan.
Em 1955, divide com o desenhista norte-americano Saul Steinberg o primeiro lugar da Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, Argentina. Escreve “Do tamanho de um defunto”, que estreou no Teatro de Bolso (Rio) e, depois, adaptado pelo próprio autor para o cinema, tendo o filme o título de “Ladrão em noite de chuva”. Nesse ano escreve “Bonito como um deus”, que estréia no Teatro Maria Della Costa, em São Paulo (SP), e ainda “Um elefante no caos” e “Pigmaleoa”.
Em 1956, Millôr passa a ilustrar todos os seus textos publicados na revista "O Cruzeiro".
No ano de 1957, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebe exposição individual do biografado. Realiza a cenografia de “As guerras do alecrim e da manjerona”. Esse trabalho foi premiado pelo Serviço Nacional de Teatro no ano de 1958.
Nesse ano, conclui a primeira tradução teatral: “Good people”, então intitulada “A fábula de Brooklin — Gente como nós”. Fez parte do grupo que "implantou" o frescobol no posto 9, Ipanema, Rio de Janeiro.
Escreve o roteiro de “Marafa”, a partir do romance homônimo de Marques Rebello. Em 1959. No mesmo ano, apresenta na TV Itacolomi, de Belo Horizonte, a convite de Frederico Chateaubriand, uma série de programas intitulada “Universidade do Méier”, na qual desenhava enquanto fazia comentários. Posteriormente, o programa foi transferido para a TV Tupi do Rio de Janeiro, com o título de “Treze lições de um ignorante” e suspenso por ordem do governo Juscelino Kubitschek após uma crítica à primeira dama do país: Disse Millôr: "Dona Sarah Kubitschek chegou ontem ao Brasil depois de 5 meses de viagem à Europa e foi condecorada com a Ordem do Mérito do Trabalho." Nasce sua filha, Paula.
Nos anos seguintes, já integrado à intelectualidade carioca, convive com Péricles, criador de "O Amigo da Onça", Nelson Rodrigues, David Nasser, Jean Manson, Alfredo Machado, Fernando Chateaubriand, Emil Farhat e Accioly Netto, entre outros.
Em 1960, depois de resolvidos os problemas com a censura, estréia no Teatro da Praça, no Rio, ”Um elefante no caos”. O título original da peça era “Um elefante no caos ou Jornal do Brasil ou, sobretudo, Por que me ufano do meu país” rendeu a Millôr o prêmio de “Melhor Autor” da Comissão Municipal de Teatro. O filme “Amor para três”, com roteiro do biografado, baseado em “Divórcio para três”, de Victorien Sardou, é dirigido por Carlos Hugo Christensen. Millôr colaboraria com esse diretor em mais três filmes: “Esse Rio que eu amo”, 1962, Crônica da cidade amada”, 1965, e O menino e o vento, 1967.
Expõe, em 1961, desenhos na Petit Galerie, no Rio. Viaja ao Egito e retorna antes do previsto, tendo em vista a renúncia do presidente Jânio Quadros. Trabalha por 7 dias no jornal "Tribuna da Imprensa", Rio, que mais tarde pertenceu a seu irmão Hélio Fernandes. Foi demitido por ter escrito um artigo sobre a corrupção na imprensa. Os editores, o poeta Mário Faustino e o jornalista Paulo Francis pediram também demissão em solidariedade.
No ano seguinte, na edição de 10 de março de “O Cruzeiro”, “demite” Vão Gôgo e passa a assinar Millôr. A Amstutz & Herder Graphic Press, importante publicação de Zurique, dedica uma página de seu anuário ao autor. “Pigmaleoa” é apresentada, sob a direção de Adolfo Celi, no Teatro Rio.
Em 1963, escreve a peça teatral “Flávia, cabeça, tronco e membros”. Viaja a Portugal e, durante sua ausência, a revista “O Cruzeiro” publica editorial no qual se isenta de responsabilidade pela publicação de “História do Paraíso”, que obteve repercussão negativa por parte dos leitores católicos da revista. Millôr deixa a revista e começa a trabalhar no jornal “Correio da Manhã”, lá ficando até o ano seguinte.
A partir de 1964, e até 1974, colabora semanalmente no jornal Diário Popular, de Portugal. A página mereceria o seguinte comentário de um ministro de Salazar: "Este tem piada, pena que escreva tão mal o português". Lança a revista “Pif-Paf”, considerada o início da imprensa alternativa no Brasil. Foi fechada em seu oitavo número, por problemas financeiros.
Volta à TV, em 1965, como apresentador na TV ecord, ao lado de Luis Jatobá e Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), do “Jornal de Vanguarda”. “Liberdade liberdade” estréia no Teatro Opinião, no Rio, musical escrito em parceria com Flávio Rangel.
Composta pelo biografado, a canção “O homem” é defendida no II Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, por Nara Leão, em 1966. Monta, ao ar livre, no Largo do Boticário, Rio, só com atores negros, sua adaptação de “Memórias de um sargento de milícias”.
Em 1968 atua, ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio, em “Do fundo do azul do mundo”, espetáculo musical de sua autoria. Passa a colaborar com a revista “Veja”.

Casimiro de Abreu

Abreu, Casimiro de (1837-1860), poeta romântico brasileiro. Dono de rimas cantantes, ao gosto do público, Casimiro de Abreu publicou apenas um livro, As Primaveras(1859). Filho de um rico comerciante, Casimiro de Abreu nasceu em Barra de São João (Rio de Janeiro) e cresceu no Rio, então capital do Império e centro cultural do país. Entre 1853 e 1857, estudou em Portugal. A vocação literária, porém, suplantou a vida acadêmica. Em Lisboa, iniciou-se como poeta e dramaturgo. A peça Camões e Jaúestreou no teatro D. Fernando e, nela, o autor proclama sua brasilidade, as saudades dos trópicos e refere-se a Portugal como "velho e caduco". De volta ao Brasil, dedicou-se à atividade comercial, com o apoio paterno. Mas definia este trabalho como uma "vida prosaica…que enfraquece e mata a inteligência". Morreu aos 21 anos, de tuberculose, em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro. Seu poema mais famoso éMeus Oito Anos. Da segunda geração romântica brasileira, Casimiro de Abreu cultivava um lirismo de expressão simples e ingênua. Seus temas dominantes foram o amor e a saudade. Embora criticado por deslizes de linguagem e falta de embasamento filosófico, Casimiro de Abreu é admirado, justamente, pela simplicidade. Alguns versos acabaram se incorporando à linguagem corrente como, por exemplo, simpatia é quase amor,hoje nome de um famoso bloco do carnaval carioca.
É pequena a obra poética de Casimiro de Abreu. Porém, deixou-nos de forma marcante, a poesia da saudade: "Canção do exílio" ("Meu lar") em que partia da aceitação premonitória, "Se eu tenho de morrer na flor dos anos", para a formulação de um desejo que se realizou plenamente: "Quero morrer cercado dos perfumes / Dum clima tropical.”. Meus Oito Anos, Minha Terra - poemas escritos em Portugal, onde adquiriu sua educação literária.

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !



segunda-feira, 26 de março de 2012

"Se tiver acompanhado esquece e vem, que uma noite não é nada meu bem!"

CHAPLIN





O vagabundo


              Carlitos é sem dúvida o personagem mais carismático, criado por Charles Chaplin, no filme Tempos Modernos ele se entrega ao capitalismo como forma de sobrevivência, porém não se rende à mecanização do seu corpo e da sua mente.
            Quando tenta se integrar às engrenagens não se entende com elas. Quando deixa cair sua caixa de equipamentos no meio da engenhoca vê as peças e ferramentas voando pelos ares, tal qual as pessoas que quando não se adaptam ao meio são lançadas para fora como se fossem peças soltas.
            Se Chaplin fizesse hoje um filme sobre a modernização do trabalho, não estaria girando entre as engrenagens da fábrica, possivelmente estaria feito louco de um lado para o outro com o celular no ouvido e em meio a pilhas e pilhas de papéis e computadores gritando que não tinha tempo para nada. O tempo antes era ditado pela velocidade das máquinas agora é comandado pela agilidade das informações.
            O filme apresenta um dualismo histórico. De um lado os meio acelerados de trabalho e de produção, que é a cara do capitalismo. Do outro, a amizade, porque não dizer o amor quase que paternal do operário pela jovem órfã. Uma relação de cuidado e atenção que vai além das aparências, além do que uma pessoa possa adquirir.
            A modernidade juntamente com a tecnologia tem o poder de aproximar as pessoas. Com certeza estamos cada vez mais próximos uns dos outros através dos meios de informações e das redes sociais. Porém, tenho minhas dúvidas em relação à qualidade desta aproximação, se a usufruímos de forma ideal. Passamos horas em frente ao computador, lendo sobre o que as pessoas fazem , gostam, sentem. Mas não tocamos em suas mãos, não sentimos seu cheiro, não desfrutamos das coisas que lhe dão prazer.
            A fluidez das relações é uma característica da sociedade moderna, a velocidade em que temos acesso às pessoas também é a mesma em que elas se vão das nossas vidas. 

Isabel Vargas - Março 2012.

Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar, através de instrumentos previamente validados para a determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. A avaliação e descrição da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de informações, as quais este deve saber interpretar, selecionar e sobretudo transmitir e devolver.Esta responsabilidade traz consigo uma série de considerações éticas que visam não somente a imparcialidade do processo em si, mas principalmente a humanização deste, tendo como foco, em última instância a preservação da integridade do sujeito avaliado.Partindo deste principio muitas questões vem a tona, como a influência do diagnóstico no contexto social do avaliado; o posicionamento do psicólogo em relação à avaliação; além do sigilo profissional na confecção de laudos, além de várias outras que cercam a responsabilidade ética na avaliação psicológica. O psicólogo deve ter consciência da influência que um diagnostico pode trazer para a realidade do avaliado. Uma das críticas feitas a avaliação diz respeito a esta questão, que a avaliação muitas vezes pode ser facilitadora dos processos de exclusão.
A idéia que surge neste contexto refere-se a importância que este diagnóstico pode adquirir na vida do sujeito, falando-se tanto em uma relação pessoal (“o teste diz que eu não sou apto para o emprego X”) como para uma relação mais social, onde a avaliação psicológica pode ser motivo de exclusão dos sujeitos nos mais diversos ambientes, desde o familiar até em suas relações sociais dentro da comunidade.
O posicionamento do psicólogo em relação à realidade do paciente é outro ponto que deve ser levado em consideração ao realizar a avaliação, sendo que o curso de uma entrevista, por exemplo, é bastante influenciado por variáveis pessoais como sexo, raça, situação sociocultural entre outras. A atenção do psicólogo nestas situações em relação a estas variáveis é de extrema importância, apropriando-se das influências que estas causam ao avaliado sem no entanto abandonar a imparcialidade que a avaliação psicológica existe para comprovar sua validade.
Cabe ao psicólogo então, manter em mente estas noções ao realizar o processo, buscando uma relativização dos efeitos desta avaliação que, embora sustentada em bases teóricas, possui uma grande carga de elementos pessoais do mesmo. Passando para uma perspectiva histórica, os testes psicológicos surgiram no início do século XIX, sendo seu uso fortalecido no período das guerras, principalmente nos EUA.No Brasil começaram a ser usados principalmente para seleção e orientação profissional. Entre os anos 60 aos 80 não havia muito investimento em avaliação psicológica e elaboração de testes ou adaptação dos testes já existentes à população brasileira. Nos anos 90 inicia-se uma mudança deste quadro, com o surgimento de laboratórios em universidades focando esta área até então pouco explorada no pais.
A regulamentação dos testes em 2003 (Resolução n° 2/2003) foi uma reposta do Conselho Federal de Psicologia a uma demanda da categoria profissional e da própria sociedade, que muitas vezes acabava prejudicada pelo uso indevido. Atualmente, existe o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), onde encontra-se documentos sobre a avaliação de testes psicológicos feitas pelo CFP, lista de testes com parecer favorável e desfavorável, além de uma série de outros informativos relacionados ao assunto.
Atualmente, o papel da avaliação psicológica já assume um papel de maior destaque dentre as funções exercidas pelo psicólogo, com a abertura de novos campos para a prática, destacando-se entre estes a psicologia no Âmbito Penal e a Psicologia do Trânsito.