quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alterações na Linguagem

Alterações Predominantemente Orgânicas

DISARTRIA: Consiste na dificuldade de articular as palavras, normalmente resultante de paresia, paralisia ou ataxia dos músculos que intervêm nesta articulação. A perturbação é mais acentuada quando se trata de pronunciar as consoantes labiais e linguais, as quais são omitidas ao dizer as palavras, ou a pessoa titubeia ao pronunciá-las. A alteração torna-se mais evidente quando se utilizam as frases de prova, como por exemplo, pedindo ao paciente que pronuncie "sou caricaturista, vou caricaturar-me no caricaturista", ou "artilheiro de artilharia", "ministro plenipotenciário". 
Os sintomas iniciais da Doença de Parkinson por exemplo, incluem modificação na escrita, por exemplo, assinatura diferente, perda da agilidade muscular para atos que eram até então corriqueiros, lentidão da marcha e Disartria.

DISLALIA: Consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os. A falha na emissão das palavras pode ainda ocorrer a nível de fonemas ou de sílabas. Assim sendo, os sintomas da Dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação os fonemas.
Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter problemas se continuar falando errado. A Dislalia, troca de fonemas (sons das letras), pode afetar também a escrita. Na prática o personagem Cebolinha, de Maurício, é um exemplo de criança com Dislalia. Ele troca o som da letra R pelo da letra L.

PARAFASIA: As parafasias verbais consistem na utilização de uma palavra por outra. A palavra proferida apresenta, algumas vezes, uma relação de ordem conceitual com a palavra substituída (garfo por colher, lápis por borracha) ou de ordem fonética (pêra por cera, marco por barco), porém sua utilização freqüentemente parece ocorrer ao acaso. As parafasias literais correspondem a uma deslocação da estrutura fonêmica das palavras, com elisão, inversão de sílabas, substituições, uso de palavras deformadas, porém ainda identificáveis (reutamismo por reumatismo, biciteta por bicicleta) ou de neologismos totalmente sem significado (para um lápis, logamentase, tipão, pinhão de caça...).

JARGONOFASIA: É uma linguagem constituída de parafasias verbais e literais, freqüentemente associado a uma dificuldade sintáxica (dissintaxia) que, diferente do agramatismo, não é uma redução econômica da linguagem, mas sim uma utilização defeituosa da organização gramatical: ex.: "o amigo onde passei as férias". Normalmente, o jargonafásico não toma consciência da desorganização em sua linguagem (anosognosia) mas, com o passar do tempo pode surgir alguma atitude crítica que permite ao paciente reconhecer seus erros e tentar corrigi-los.

DISLEXIA: Dislexia é um distúrbio específico da linguagem caracterizado pela dificuldade em decodificar (compreender) palavras. Segundo a definição elaborada pela Associação Brasileira de Dislexia, trata-se de uma insuficiência do processo fonoaudiológico e inclui-se frequentemente entre os problemas de leitura e aquisição da capacidade de escrever e soletrar. Resumidamente podemos entender a Dislexia como uma alteração de leitura. 
O diagnóstico da Dislexia é muito semelhante ao do de outros distúrbios de aprendizagem. Por isto, é preciso muito cuidado para não rotular toda e qualquer alteração de leitura como Dislexia. A Dislexia tem sempre como causa primária a relação espacial alterada, fazendo com que a criança não consiga decifrar satisfatoriamente os códigos da escrita. O diagnóstico da Dislexia exige quase sempre uma equipe multidisciplinar, formada por neurologista, psicólogo, psiquiatra e psicopedagogo. Esta equipe tem a função básica de eliminar outras causas responsáveis pelas trocas de letras e outras alterações de linguagem. 

AFASIA: Uma lesão cerebral de extensão limitada interessando o hemisfério esquerdo de uma pessoa destra poderá fazê-la perder a capacidade de utilizar a linguagem como meio de comunicação e como meio de representação simbólica: o indivíduo não poderá se exprimir oralmente ou por escrito de uma forma inteligível; ele não mais decifra as mensagens que recebe sob a forma de linguagem falada ou escrita.
Afasia pode ser entendida como uma perturbação da linguagem caracterizada pela perda parcial ou total da faculdade de exprimir os pensamentos por sinais e de compreender esses sinais. Alguns autores referem a Afasia como a perda da memória dos sinais pelos quais se realiza a troca idéias. De qualquer forma, o fato dominante na Afasia é a incompreensão da palavra falada e a impossibilidade, em grau variável, de ler ou de escrever.

CAUSAS DA AFASIA

Na ordem decrescente de importância, as causas da Afasia são as seguintes: 
a) desordens vasculares
b) traumatismos que atingem o hemisfério esquerdo; 
c) processos inflamatórios; 
d) escleroses disseminadas e encefaloses; 
e) abscessos e gomas; 
f) tumores; 
g) hematomas.
Podem-se observar Afasias transitórias no curso da uremia, diabete, intoxicações, na epilepsia e na enxaqueca. 


AFASIA DE BROCA: A afasia de Broca caracteriza-se por grande dificuldade em falar, porém a compreensão da linguagem encontra-se preservada. Essa síndrome é também dita como afasia não fluente, de expressão ou motora: os pacientes conseguem executar normalmente a leitura silenciosa, mas a escrita está comprometida. Esses pacientes possuem, ainda, fraqueza na hemiface e membro superior direito (devido à proximidade das regiões afetadas pelo distúrbio circulatório). Os pacientes têm consciência do seu déficit e se deprimem com facilidade (frustração). Entretanto, o prognóstico é bom quanto à recuperação de parte da linguagem falada, embora sejam necessários meses para a realização de uma fala simples, abreviada, ainda que não fluente.

AFASIA DE WERNICKE: A afasia de Wernicke caracteriza-se por dificuldade na compreensão da linguagem, a fala é fluente e faz pouco sentido. Essa síndrome é também denominada afasia fluente, de recepção ou sensorial. Diferente dos pacientes com afasia de Broca, os pacientes com essa síndrome começam a falar espontaneamente, embora de modo vago, fugindo do objetivo da conversa. Pode existir parafasias, isto é, uma palavra substituindo outra, como chamar uma colher de garfo (parafasia literal), ou um som substituindo outro, como ao chamar uma colher de mulher (parafasia verbal); geralmente, não apresentam fraqueza associada, os pacientes não se dão conta de seu déficit e a recuperação é mais difícil.

AGRAMATISMOO agramatismo é uma evolução freqüente da Afasia e reflete uma importante redução da linguagem. A utilização prevalente de substantivos, juntamente com o emprego sistemático de verbos no infinitivo e a supressão de pequenos instrumentos de linguagem (artigos, preposições...) determinam uma forma de expressão semelhante a uma linguagem primitiva (mim Tarzã, you Jane) ou de um estilo telegráfico, com uma linguagem econômica, reduzida, concreta, pobre, sem flexibilidade e sem possibilidade de abstração.

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