sexta-feira, 8 de julho de 2011

O monte Kilimanjaro


Situado no norte da Tanzânia (leste da África) e cerca de 300 km abaixo do equador, o Monte Kilimanjaro é o ponto mais alto da África, atingindo 5.895 m. Da base ao pico há uma enorme mudança na vegetação. A base é coberta por uma densa e úmida floresta tropical, com árvores de grande porte.
A medida que se ganha altitude, as árvores vão diminuindo de porte e número, e a vegetação se tornando rasteira. Acima dos 3.000 m a pouca vegetação que ainda resta é substituída por liquens e pedras. E acima dos 4.000 m, apenas rochas vulcânicas e gelo são encontrados. O pico está coberto pelas neves eternas e cercado por glaciares.


O Monte Kilimanjaro é relativamente novo no Vale Rift e não existia entre 1 e 2 milhões de anos atrás. Naquela época, onde hoje está o Kilimanjaro, havia apenas uma planície ondulada com algumas montanhas erodidas. Mas tudo mudou com o movimento da crosta terrestre associado com o vale. A lava expelida pelas fraturas surgidas deu origem a um enorme pico, que hoje é representado pelos picos Ol Molog, Kibongoto e Kilema.
O Monte Kilimanjaro começou a crescer há cerca de 750.000 anos como resultado da lava expelida de três principais centros - Shira, Kibo e Mawenzi. O crescimento continuou até que os cones atingissem cerca de 5.000m há cerca de meio milhão de anos. Nesta época, Shira entrou em colapso numa enorme cratera e tornou-se inativo, mas Kibo e Mawenzi continuaram a entrar em erupção até que seus picos atingissem 5.500m. Mawenzi foi o próximo a extinguir-se, mas Kibo continuou em atividade até cerca de 360.000 anos atrás, durante esta fase teve três violentas erupções, incluindo uma na qual encheu de lava preta a velha e erodida cratera de Shira.
De uma altura estimada de 5.900m, Kibo gradualmente silenciou-se, e através de intermitentes erupções continuou por centenas de anos. A montanha toda começou a encolher-se e o cone de Kibo entrou em colapso formando uma série de plataformas concêntricas. A erosão, na forma de glaciares surgiram e desapareceram, tornando o pico ainda mais baixo, como fez um grande deslizamento há cerca de 100.000 anos, que originou o Barranco Kibo.
Kibo finalmente teve uma violenta atividade, que originou a presente cratera. Então os glaciares retornaram e continuaram o trabalho. Entretanto, a floresta e a vegetação alpina retiraram o que puderam da montanha e os córregos esculpiram o maciço na forma que ele é hoje. Interessantemente, parece que tanto o Kilimanjaro, como o Monte Quênia, estão gradualmente perdendo seus glaciares devido ao aquecimento global da atmosfera.


Quando ir
O Monte Kilimanjaro pode ser “escalado” durante o ano todo, porém em cada época do ano são encontradas vantagens e desvantagens. Abril e maio são os meses das chuvas longas, novembro é o mês das chuvas rápidas, junho a outubro são secos, porém frios e devido ao constante nevoeiro (junho a julho), torna-se mais difícil avistar a montanha. Os meses de setembro e outubro têm bom clima e baixo movimento de turistas. Finalmente, dezembro a março também possuem bom clima, porém são mais procurados e pode-se ter problemas com alojamento nos hotéis e acampamentos nas trilhas.


Chegando no Kilimanjaro
Para se chegar a Tanzânia do Brasil há dois caminhos: via Joanesburgo (África do Sul) ou Londres. Eu escolhi via Joanesburgo por ser mais rápido (9h), mais barato e também gostaria de conhecer este país que tanto se destaca no continente. Uma vez lá, toma-se outro vôo (4h) para Nairobi (Quênia). De lá, existem alguns ônibus que vão até Moshi, cidade base para as expedições ao Kilimanjaro. Existem duas saídas diárias, logo pela manhã e após o almoço.
Ao desembarcar no aeroporto de Nairobi, existe um quiosque para turistas onde você poderá reservar o ônibus e hotel. Um dos melhores ônibus é o Davanu, onde vão apenas turistas. Existem outras opções, mas eu realmente não recomendo. O trajeto de Nairobi à Moshi leva cerca de 6 horas e passa por Arusha, cidade base para os safáris. Ambas cidades possuem dezenas de empresas que oferecem pacotes para o Kilimanjaro ou safaris.
É preciso ser muito cuidadoso ao escolher a empresa, pois muitas deixam a desejar nos serviços oferecidos. Nas paradas, o ônibus, é cercado de vendedores de pacotes turísticos a preços fantásticos, porém, a maioria são falsos ou de péssima qualidade. Minha sugestão é planejar antes qual empresa deseja, e sempre verificar se a mesma realmente existe. Como o Kilimanjaro fica em um parque nacional é obrigatório que se faça a ascensão com um guia credenciado.
Normalmente as empresas fornecem dois guias para cada grupo e dois carregadores para cada elemento do grupo. Cabe a eles levarem todo o material pesado, como mochilas cargueiras, comida, panelas e barracas (se for o caso). O mais interessante disto tudo é que eles levam tudo na cabeça, pois não utilizam animais de carga. O segundo guia é necessário para retornar com algum possível desistente. Dependendo da empresa escolhida é possível escolher o tipo de comida e o seu modo de preparo.


Escolhendo uma via
Existem 8 vias que levam até o pico: Marangu, Machame, Umbwe, Shira, Mweka, Maua, Nanjara, Loitokitok. As três últimas raramente são usadas e as mais conhecidas são Marangu e Machame.
Marangu - Também conhecida como rota turística ou coca-cola, pela sua popularidade e freqüência de visitantes. É a mais procurada de todas e a que oferece a melhor infra estrutura. Nela existem cabanas com banheiro e quartos com beliches. Nos primeiros acampamentos ainda é possível se comprar água, refrigerante e até cerveja. Apesar da toda a facilidade, apresenta um baixo grau de sucesso, justamente por ser procurada por pessoas nem sempre preparadas para a difícil ascensão. É comum as cabanas estarem lotadas durante a alta temporada.
Machame - Considerada uma das mais belas e com um certo grau de dificuldade, o que obriga uma subida lenta, imprescindível para o sucesso.
Ambas as rotas podem ser feitas em 5 dias, sendo 3 subindo e 2 descendo, porém, é aconselhável um dia adicional para aclimatação. Neste dia, normalmente se caminha numa mesma altitude, acima dos 3.000m. Isto realmente faz diferença para quem não está acostumado a altitude.

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