terça-feira, 31 de maio de 2011

Memória 

Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.  As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas,

essas ficarão.

  Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 30 de maio de 2011

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial



A partir do processo de desinstitucionalização psiquiátrica, os serviços substitutivos têm sido a principal porta de entrada para as pessoas que buscam o atendimento em saúde mental.
O modelo hospitalocêntrico de atendimento em saúde mental começa a ser criticado a partir a década de 70, momento em que violência e as práticas de exclusão tornaram-se evidentes. Em meados dos anos 80, a influência da psiquiatria italiana corrobora com o final da ditadura no Brasil e abre espaço para novas formas de intervenção nesta área.
A proposta sanitarista em saúde mental, que visava tirar os doentes mentais da cidade ou limpá-la dos loucos foi cedendo lugar à idéia de desinstitucionalização. E, para que ocorra a substituição deste modelo de tratamento baseado no isolamento, faz-se necessária a construção e a oferta de procedimentos e serviços que possam dar conta desta demanda. Estes serviços deverão funcionar como o contraponto do hospital psiquiátrico, ocupando locais abertos, onde a equipe interdisciplinar reflita sobre o diagnóstico e sobre as possibilidades do uso de recursos terapêuticos – psicofarmacológicos e psicoterápicos.
A partir de 1992, quando o estado do Rio Grande do Sul aprovou a Lei da Reforma Psiquiátrica, serviços foram abertos com a proposta de   regionalizar/setorizar o atendimento e reduzir a população atendida no estado. Em outubro deste mesmo ano, a Casa Aberta foi inaugurada e denominada Centro de Saúde Mental, posteriormente sendo credenciada como Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
De acordo com o Ministério da Saúde, “um CAPS (...) é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida (...), realizando acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários”
 
CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Caps I e II – Jovens e Adultos

 Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades de atendimento intensivo e diário aos portadores de sofrimento psíquico grave, elaborado por uma equipe multidisciplinar, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico, caracterizado por internações de longa permanência e regime asilar. Os Centros de Atenção, ao contrário, permitem que os usuários permaneçam junto às suas famílias e comunidades. Os Caps passaram a ter, desde 2002, a função estratégica de articular as forças de atenção em saúde e as da comunidade, visando à promoção da vida comunitária e da autonomia de seus usuários.
O primeiro CAPS do país surge em março de 1987, com a inauguração do CAPS Luis da Rocha Cerqueira, na Cidade de São Paulo, e representa a efetiva implementação de um novo modelo de atenção em saúde mental para expressiva fração dos doentes mentais (psicóticos e neuróticos graves) atendidos na rede pública, sendo seu ideário constituído de propostas dirigidas à superação das limitações evidenciadas pelo binômio ambulatório-hospital psiquiátrico no tratamento e reabilitação de sua clientela.
Os CAPS configuram-se como serviços comunitários ambulatoriais e regionalizados nos quais os pacientes deverão receber consultas médicas, atendimentos terapêuticos individuais e/ou grupais, podendo participar de ateliês abertos, de atividades lúdicas e recreativas promovidas pelos profissionais do serviço, de maneira mais ou menos intensiva e articulada em torno de um projeto terapêutico individualizado, voltado para o tratamento e reabilitação psicossocial, devendo também haver iniciativas extensivas aos familiares e às questões de ordem social presentes no cotidiano dos usuários.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que os transtornos mentais de cerca de 450 milhões de pessoas ainda estão longe de receberem a mesma relevância dada à saúde física, sobretudo nos países em desenvolvimento. Estima-se que os transtornos mentais e de comportamento respondam por 12% da carga mundial de doenças, enquanto as verbas orçamentárias para a saúde mental na maioria dos países representam menos de 1% dos seus gastos totais em saúde; além do que, 40% dos países carecem de políticas de saúde mental e mais de 30% sequer possuem programas nessa área. Ainda, os custos indiretos gerados pela desassistência provenientes do aumento da duração dos transtornos e incapacitações ­ acabam por superar os custos diretos.
No Brasil ­ com gastos de 2,4% do orçamento do SUS em saúde mental e prevalência de 3% de transtornos mentais severos e persistentes e 6% de dependentes químicos ­ tem havido sensível inversão do financiamento nos últimos anos, privilegiando-se os equipamentos substitutivos em detrimento dos hospitais psiquiátricos, como ilustra o fato de que em 1997 a rede composta por 176 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) recebia 6% dos recursos destinados pelo SUS à saúde mental, enquanto a rede hospitalar, com 71 mil leitos, recebia os outros 94%. Em 2004, os 516 CAPS existentes receberam 20% dos recursos citados contra 80% destinados aos 55 mil leitos psiquiátricos no Brasil.
O final do ano de 2006 marcou como dado histórico a efetiva reorientação de financiamento do governo em saúde mental, ou seja, se há dez anos os gastos hospitalares eram de 93,1%, hoje, 51,3% destinam-se aos gastos extra-hospitalares e 48,7%, aos gastos hospitalares. Os gastos com CAPS que, em 2002, eram por volta de 7 milhões de reais, cresceram visivelmente e hoje estão próximos dos 170 milhões de reais. Tais dados são a materialização da mudança do modelo assistencial que desloca os recursos financeiros e humanos para a comunidade, com reflexos nos contornos sociais, incluindo novas parcerias e modificação de valores, diminuindo o estigma e incentivando o pacto pela vida, não pela exclusão.
Tabela 1. – Evolução do número de CAPS no decorrer dos anos 
Ano/Época
Nº de CAPS
Final da década de 80
 6
Década de 90
179
2002 (portaria 336)
424
2007
1173+


Estrutura e Método de Trabalho

As equipes dos CAPS são formadas por vários profissionais de nível superior, como por exemplo, psiquiatras, psicólogos e enfermeiros, profissionais de nível médio como auxiliares para suporte em limpeza, cozinha e segurança patrimonial.          O Imóvel deve ter estilo residencial, estar localizado em uma área de fácil acesso à população e contar com um ambiente que favoreça o acolhimento e a hospitalidade. O usuário deve ser estimulado a ver o local como um território livre e fácil de ser acessado. Os conceitos primordiais do serviço são o acesso universal e o acolhimento. Outro conceito fundamental é o acompanhamento, os CAPS têm a responsabilidade de dar continuidade ao cuidado do paciente, mesmo que ele não permaneça no serviço. O atendimento é sempre individualizado, de acordo com as necessidades do usuário.  Os CAPS funcionam pelo menos durantes os 5 dias úteis da semana, o funcionamento nos finais de semana depende dos tipos de serviço prestados. Os CAPS podem fornecer remédios e assessorar usuários e seus familiares quanto a sua aquisição e administração, essa prática ocorre tanto nos grupos de medicação quanto individualmente.
OS CAPS são divididos de acordo com o tamanho da população atendida e o Público Alvo:
Tabela 2 – Divisão de CAPS por tamanho
Tipo
Tamanho
CAPS I
Entre 20 e70 mil habitantes
CAPS II
Entre 70 e 200 mil habitantes
CAPS III
Acima de 200 mil habitantes

 Tabela 3 – Divisão de CAPS por público alvo
Tipo
Público alvo
CAPSI
Infância e Adolescentes
CAPSII
Adultos


Dificuldades em relação à atuação do Psicólogo

            A atuação do psicólogo no campo da saúde pública encontra-se relativamente indefinida. As necessidades da população usuária dos serviços de saúde mental pública e o tipo de formação básica que vêm recebendo os psicólogos atuantes nesses espaços são problemáticos. Esse é um dos principais desafios enfrentados pela Psicologia no campo da saúde pública.
            As modificações ocorridas no sistema público de saúde (SUS) nas últimas décadas não foram acompanhadas de transformações semelhantes nos currículos dos cursos de graduação. Uma minoria dos estudantes de psicologia se especializa em saúde pública. Psicólogos que trabalham na saúde pública normalmente dedicam-se paralelamente ao consultório particular.
            A desinstitucionalização do serviço prestado ainda parece um tabu para os profissionais na saúde mental. Não se consegue ainda pensar como seria a saúde mental sem o hospital e sem o serviço dos núcleos, como o CAPS. Existe uma tendência a compreender a desinstitucionalização como uma proposta que estivesse basicamente caracterizada pelo objetivo de se evitarem internações psiquiátricas. Não é desconstruir o manicômio como estrutura física, mas é desconstruir os manicômios mentais, essa construção que está no imaginário social do que é a loucura. Uma mudança de um olhar sobre a loucura é uma mudança do lugar social que a loucura tem tido desde que a psiquiatria se apropriou dela.
            Psicólogos que trabalham no CAPS utilizam-se de diversas formas de interpretação quanto às doenças apresentadas pelo usuário deste serviço. Quanto à concepção de tratamento quase sempre são levados ao atendimento clínico e algumas vezes à reinserção social. Para a maioria dos psicólogos sua função está limitada à escuta e ao acompanhamento de usuários dentro do espaço físico restrito ao serviço.

 Função do Psicólogo

            Em CAPS, a função do psicólogo é trabalhar na ligação da pessoa com a vida cotidiana, não adianta ficar dentro de quatro paredes sem promover algum tipo de alteração no meio social em que ela vive.
            O espaço de expressão, não é só a fala, não se está mais falando em patologia e sim em reinserção. O CAPS tem uma vertente clínica e uma psicossocial que não deve ser separado. Troca-se o manicômio pela reinserção no contexto social, o papel do CAPS hoje é tentar harmonizar o objetivo político com a intervenção direta sobre o sujeito. Contribuir para que haja alterações no exercício da vida cotidiana do usuário, no modo como as pessoas enxergam a doença mental.
            O psicólogo precisa estar atuando em diversos espaços, atuando na comunidade, convidando a família para assim derrubar barreiras, quebrar preconceitos. Não é só tratar o paciente, a relação da família com a pessoa também deve estar em tratamento.
            O atendimento clínico é o mais utilizado como uma das práticas desenvolvidas pelos psicólogos no CAPS. O suporte social às famílias de usuários e os grupos terapêuticos envolvendo usuários também são práticas de destaque.
            O tratamento das pessoas com transtornos mentais através da reinserção social está caracterizado no âmbito do CAPS, mais como uma discussão teórica do que propriamente um conjunto de ações que mobilize os profissionais tanto quanto a atividade de atendimento clínico dos usuários e o suporte aos seus usuários.
            Essa realidade afirma a dificuldade dos profissionais de psicologia em suportar as limitações do modelo tradicional de atuar e em propor alternativas mais próximas da demanda social dos novos contextos em recentemente vêm atuando.

Mercado de trabalho

            As oportunidades no setor público estão bem mais amplas em todo o país, tanto em hospitais como em prefeituras, para os diversos serviços de atenção à saúde, em postos de saúde, fundações de apoio para jovens e projetos socioeducativos. O profissional participa de equipes multidisciplinares dos Centros de Referências.

Formação complementar do profissional

            A pouca expressividade das práticas voltadas à promoção da reinserção social dos usuários também pode ser entendida pela baixa procura por uma formação continuada específica para atuar na área da saúde mental, o que tende a prevalência do modelo clínico e criar obstáculos à compreensão e execução da verdadeira proposta da atenção psicossocial, que é muito mais ampla.
            Quanto à necessidade de formação complementar para atuar no CAPS, afirma-se que a psicanálise tem sido fundamental para dar suporte ao trabalho realizado. Mas está abordagem  deve estar somada a outros referenciais: Reforma Psiquiátrica, Saúde Coletiva, Arte e Literatura. A formação complementar para se atuar nos Centro de Atenção Psicossocial deve ser a mais generalista possível. Um ponto importante é a especialização em Terapia Familiar, Saúde Coletiva e Saúde Mental.




Um novo Despertar - 2011

The Beaver
 
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Kyle Killen
Elenco: Jennifer Lawrence / Mel Gibson / Jodie Foster / Anton Yelchin / Riley Thomas Stewart / Zachary Booth

Um Novo Despertar, de Jodie Foster

Sinopse:

Walter Black (Mel Gibson) é um sujeito depressivo que depois de muitas alguras, encontra num fantoche de castor a solução para seus problemas familiares e profissionais. Walter dá voz ao animal e passa a utilizá-lo para expressar seus sentimentos, transformando o boneco de pelucia numa espécie de alter-ego.

Um Passe de Mágica (Magic) - Richard Attenborough - 1978

 
Diretor: Richard Attenborough
Elenco: Anthony Hopkins, Ann-Margret, Burgess Meredith.
Duração: 106 min.
Ano: 1978
País: EUA
Gênero: Terror
Cor: Colorido

Sinopse: Em "Um Passe De Mágica", Anthony Hopkins é Corky Withers, um brilhante mas perturbado ventríloquo, que se esconde por trás da forte personalidade de seu boneco Fats. Corky é tímido e Fats terrivelmente abusado. E quando o sucesso bate à porta, Corky foge assustado para sua cidade natal, onde uma velha paixão reprimida de adolescência o espera, a voluptuosa Peggy Ann Snow (Ann-Margret). Só que agora ela está casada e leva uma vida medíocre ao lado do marido (Ed Lauter), o ex-valentão e esportista da escola. Ela toma conta de uma série de cabanas à beira de um lago gelado e Corky se hospeda numa delas. Enquanto Corky e Peggy vão refazendo seus laços, Ben Greene, o empresário dele (Burgess Meredith) o localiza e vai em seu encalço para fazê-lo cumprir um contrato milionário. Só que Corky começa a perder o controle de si próprio e Fats - o seu Mister Hyde pessoal - vai se insinuando para controlar a situação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Invenção do “O”

de Luís Fernando Veríssimo

Na era da pedra lascada
da língua falada
antes de inventarem a letra
que imitava a lua
as palavras diziam nada
e nada levava a nada
(aliás, nem precisava rua).
A frase ficava estática
de maneira majestática
a grandes falas presumíveis
permaneciam indizíveis
- imagens invisíveis
a distâncias invencíveis.
Vivia-se em cavernas mentais
numa inércia dramática.
Ir e vir, nem pensar
ninguém mudava de lugar
que dirá de sintática.
Aí inventaram o “O”
e foi algo portentoso.
Assombroso, maravilhoso.
Tudo começou a rolar
e a se movimentar.
O Homem ganhou “horizontes”
e palavras viraram pontes
e hoje existe a convicção
que sem a sua invenção
não haveria Civilização.
Um dia, como o raio inaugural
sobre aquela célula no pantanal
que deu vida a tudo,
veio o acento agudo.
E o homem pôde cantar vitória.
E começou a História.
(Depois ficamos retóricos
e até um pouco gongóricos).

Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de 1925. Os Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou a pequena aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a escritora passou a infância. Clarice tinha 12 anos e já era órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou no curso de Direito, formou-se e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um colega de faculdade em 1943. No ano seguinte publicava sua primeira obra: “Perto do coração selvagem”. A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido, diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura brasileira. 

Romances:
Perto do Coração Selvagem, RJ, A Noite, 1944.
Lustre, RJ, Agir, 1946.
A Cidade Sitiada, A Noite, 1949.
A Maçã no Escuro, RJ, Francisco Alves, 1961.
A Paixão Segundo G.H., RJ, Francisco Alves, 1964.
Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, RJ, Sabiá, 1969.
A Hora da Estrela, RJ, José Olympio, 1977.                        
     Contos e crônicas:
Laços de Família, RJ, Francisco Alves, 1960.
A Legião Estrangeira, RJ, Ed. do Autor, 1964.
Felicidade Clandestina, RJ, Sabiá, 1971.
A Imitação da Rosa, RJ, Artenova, 1973.
A Via-Crucis do Corpo, RJ, Artenova, 1974.
  A Bela e a Fera, RJ, Nova Fronteira, 1979. 

Frida Kahlo

Frida Nasceu em 1907 no México, mas gostava de declarar-se filha da revolução ao dizer que havia nascido em 1910. Sua vida sempre foi marcada por grandes tragédias; aos seis anos contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu multiplas fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Por causa deste último fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa em uma cama.
Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido Diego Rivera. A sua vida com o marido sempre foi bastante tumultuada. Diego tinha muitas amantes e Frida não ficava atrás, compensava as traições do marido com amantes de ambos os sexos. A maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, as
seqüelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros.
Os seus quadros refletiam o momento pelo qual passava e, embora fossem bastante "fortes", não eram surrealistas: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade". Frida contraiu uma pneumonia e morreu em 1954 de embolia pulmonar, mas no seu diário a última frase causa dúvidas: "Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar - Frida". Talvez Frida não suportasse mais.

Simone de Beauvoir


"Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"

Simone Lucie-Ernestine-Marie-Bertrand de Beauvoir nasceu em Paris, em 1908.Forma-se em filosofia, em 1929, com uma tese sobre Leibniz. É nessa época que conhece o filósofo Jean-Paul Sartre, que será seu companheiro de toda a vida.
Em 1945, ela funda, com Sartre, o combativo periódico Les Temps Modernes.
Escritora e feminista, Simone de Beauvoir fez parte de um grupo de filósofos-escritores associados ao existencialismo - movimento que teria enorme influência na cultura européia de meados do século passado, com repercussões no mundo inteiro.
Em 1949 publica O Segundo Sexo, pioneiro manifesto do feminismo, no qual propõe novas bases para o relacionamento entre mulheres e homens. Os Mandarins é de 1954; nesse mesmo ano, Beauvoir ganha o prêmio Goncourt.
Ela e Sartre visitaram o Brasil entre agosto e novembro de 1960; foram também a Cuba, recebidos por Fidel Castro e Che Guevara. Sempre tiveram marcada atuação política, manifestando-se contra o governo francês por suas intervenções na Indochina e na Argélia; contra a perseguição dos judeus durante a Segunda Guerra; contra a invasão americana do Vietnã e em muitas outras ocasiões.
Simone de Beauvoir morreu em Paris, em 14 de abril de 1986. Entre seus muitos livros, vale ressaltar O Sangue dos Outros (1945), Uma Morte Muito Suave (1964) e A Cerimônia do Adeus (memórias da vida com Sartre, 1981).

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A crise da Subjetividade Privatizada


Uma questão interessante que, por certo, merece destaque no estudo do surgimento da psicologia como ciência no século XIX, na minha opinião, trata-se da subjetividade privatizada. No excelente trabalho Psicologia – uma (nova) introdução, dos professores Luís Cláudio Mendonça Figueiredo e Pedro Luiz Ribeiro de Santi, deparamo-nos com duas condições (fundamentais) para o conhecimento científico da psicologia: uma experiência clara da subjetividade privatizada e a experiência da crise desta mesma subjetividade. Mas o que vem a ser a subjetividade privatizada? Pelo que percebemos, estamos falando da nossa individualidade, dos nossos desejos, do nosso “eu”, enfim, daquilo que está dentro de nós e que somente nós temos contato. E quanto à crise? Bem, estaríamos diante das transformações culturais ao longo dos anos, tais como religiosidade, arte, valores, costumes etc., determinando, de certa forma, a subjetivação e a individualização. Mas é aqui que o homem percebe que conceitos como liberdade, individualidade e igualdade não passam de meras ilusões. Há uma perplexidade, inclusive quando descobre não existir muita diferença entre os homens.
No entanto, importa ressaltar – e o contrário seria difícil de entender –, que as transformações supracitadas se deram no seio da sociedade, socialmente, politicamente e economicamente, e somente a partir do reconhecimento da instância individual do homem dentro desta mesma sociedade é que a psicologia é aceita como ciência. Mas para isto estamos falando de três séculos: do Renascimento à Idade Moderna, e, durante este longo período, o homem chega a ser valorizado, diante da concepção de que ele seria o centro do mundo e totalmente livre para trilhar seu caminho (e Deus?), até a crise da soberania do “eu”.
Abordando de forma sucinta cada época, podemos afirmar que no Renascimento a figura de Deus parece ter se distanciado e se colocado sobre o mundo, fazendo com que o homem passasse a controlar a natureza. Há, portanto, uma valorização do homem, nascendo, por sua vez, o humanismo moderno. Um assunto, a meu ver, de extrema importância é que aqui surge a filosofia grega do ceticismo, para a qual era impossível ao homem um conhecimento seguro do mundo. Em suma: o homem começa a criticar e duvidar do próprio homem. Além do mais há um nascente individualismo, que acaba produzindo reações: racionalistas e empiristas, que, de acordo com os professores supracitados, tratam de estabelecer bases novas e mais seguras para as crenças e ações humanas.
A partir de então, a figura do homem volta a se sujeitar a uma ordem superior, ocorrendo a desvalorização da própria individualidade e o conflito da liberdade, conforme já anunciamos acima. Esta tal superioridade parte da religião (Reforma e Contra-Reforma), e o indivíduo passa a ser devidamente controlado. Buscamos, com isso, apenas retratar, mesmo que de forma rasteira, as fases pelas quais passaram a subjetividade privatizada.
Dando um salto até a modernidade, não esquecendo, é lógico, da idéia cética, o “eu” deixa de ser soberano. Mas por quê? Surge a problematização da crença em conhecimentos absolutos, e isto perpassa pelo Iluminismo, pelo Romantismo (“é um momento essencial na crise do sujeito moderno pela destituição do ‘eu’ de seu lugar privilegiado de senhor, de soberano”), pela filosofia nietzschiana, para qual as idéias de “eu” ou “sujeito” são interpretadas como ficções, incentivando muitas restrições ao seu ponto de vista, principalmente quando afirma que é ilusório o fazer humano, e pelas condições sócio-econômicas, momento em que os homens são reduzidos à dependência dos proprietários dos meios de produção, são explorados e violentados – não há liberdade, não há igualdade.
Com isso, claramente percebe-se a necessidade das crises da subjetividade privatizada, a fim de que a psicologia seja científica. Significa dizer que tais experiências induzem os homens a pensarem acerca das causas e do significado de tudo aquilo que fazem, causam uma reflexão do que somos, quem somos, como somos e por que tomamos determinadas ações. E, para tanto, a ilusão da liberdade e da igualdade são pedras fundamentais na construção dos questionamos humanos e, obviamente, na condução de projetos da psicologia como uma ciência independente, pois a crise da subjetividade requer uma solução, e é na psicologia o caminho a se percorrer.

________________________
FIGUEIREDO, Luís; SANTI, Pedro. Psicologia: uma (nova) introdução. 2. ed. São Paulo: PUCSP, 2007.
Mendes Júnior

"Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair."

Memória

Um dos fatos mais curiosos com relação à memória é a ilusão do déjà-vu (o já visto), em que uma pessoa tem a falsa impressão de familiaridade com situações que, no entanto, são vividas pela primeira vez. Estudiosos da memória ainda buscam uma explicação para o fenômeno.
Memória é a capacidade da mente humana de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou fatos passados. A função de lembrar e sua oposta, esquecer, são normalmente adaptativas. O aprendizado, o pensamento e o raciocínio não seriam possíveis sem a memória, mas a capacidade de esquecer também tem muitas funções. Serve como referência de tempo (pois as lembranças tendem a se tornar mais difusas com o passar do tempo), como instrumento de adaptação a novos aprendizados (pela supressão de antigos padrões) e ainda como forma de aliviar a ansiedade decorrente de experiências dolorosas.
Os primeiros estudos experimentais sobre a memória foram realizados pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus. No fim do século XIX, ele planejou e executou experiências sobre o aprendizado de sílabas sem sentido (a fim de reduzir a interferência do significado nos processos de retenção), que lhe permitiram avaliar a capacidade e o tempo de armazenamento da informação, bem como a facilidade de recuperação do material armazenado.
O britânico Frederic C. Bartlett, ao contrário de Ebbinghaus, trabalhou com material significativo: formas, fotografias, figuras que sugeriam objetos etc. Sua hipótese básica afirma que a pessoa só retém esquemas muito gerais daquilo que experimentou anteriormente. O processo de evocação seria, assim, melhor definido como processo de reconstrução.
Também na psicanálise se elaborou uma teoria da memória. Para Sigmund Freud, o mecanismo da recuperação da informação e, principalmente, o fenômeno do esquecimento teriam como causa um fator repressivo de caráter inconsciente. De fato, muitas das técnicas psicanalíticas são destinadas a desfazer esse bloqueio repressivo que impede o acesso a antigas experiências armazenadas que, segundo Freud, nunca se perdem verdadeiramente. Para os behavioristas, o mecanismo da recuperação da informação se constrói, sobretudo, pela associação entre estímulos e respostas. Os behavioristas e neobehavioristas explicam o esquecimento da informação armazenada por interferências no processo de recuperação.
Alguns autores, insatisfeitos com as teorias behavioristas e influenciados pelas críticas antibehavioristas do lingüista americano Noam Chomsky, assim como pelas novas teorias de manipulação da informação e da comunicação, abordaram o problema da memória de uma nova perspectiva. Estudaram a capacidade humana de processar a informação como parte da temática geral da percepção e recorreram aos esquemas de funcionamento dos computadores para descrever a organização de todo o sistema.
Memória e processamento da informação. Segundo as modernas teorias cognitivas, que estudam fenômenos básicos da inteligência como a percepção, o aprendizado e a memória, relacionando-os aos mecanismos da informática, são três os processos básicos da memória: codificação da informação, armazenamento e recuperação. Codificação é o processo pelo qual a forma física da informação de entrada transforma-se numa representação interna. O armazenamento consiste na fixação da representação interna mediante o estabelecimento de relações entre ela e as demais representações que o indivíduo possui. Se essas relações se destroem, produz-se o esquecimento. O processo de recuperação permite utilizar a informação armazenada quando necessário.
No que diz respeito ao armazenamento da informação, distinguem-se três tipos: sensorial, memória a curto prazo e memória a longo prazo. Assim, o indivíduo utilizaria estratégias, desde as mais simples até as mais complexas e estruturadas, para representar e recuperar a informação que recebe. Essas estratégias variam conforme o tipo de informação e a finalidade com que o sujeito se propõe utilizar posteriormente tal informação.
Dessa perspectiva, os processos da memória adquirem caráter dinâmico e ativo, de forma que o sistema aprende pela interação com o meio e não pelo estabelecimento de conexões entre estímulos e respostas, como quer a teoria behaviorista. A estrutura interna utilizada para organizar a informação está em contínua mudança e se reconfigura de acordo com cada nova experiência. Durante a vida dos indivíduos, modifica-se a forma de codificação da informação e aumenta progressivamente o número de conceitos dos quais se parte, assim como o das relações que se estabelecem entre os diferentes elementos da informação. As estratégias são semelhantes para todos os indivíduos, embora seu resultado difira em função de serem diferentes as capacidades e circunstâncias.
Aprimoramento da memória. Os estudos psicológicos sobre a memória podem ter aplicações imediatas no desenvolvimento e fortalecimento da capacidade individual de memorização. A maioria das técnicas mnemônicas (ou de memorização) baseia-se na rápida transferência da informação contida na memória de curto prazo para a de longo prazo, mediante a utilização de códigos de informação que facilitem a retenção. Algumas das regras mais usadas consistem em agrupar os diferentes elementos que compõem a informação, descobrir regras simples por meio das quais ordenar uma seqüência determinada de elementos, organizar hierarquicamente a informação que se deve guardar, estabelecer correlação entre os elementos que se oferecem à aprendizagem e outros já conhecidos etc. De qualquer maneira, nenhuma dessas técnicas pode remediar situações de origem patológica, mas tão-somente beneficiar uma memória normal.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

mario benedetti

"às vezes sou

manancial entre pedras

e outras vezes uma árvore

com as últimas folhas

mas hoje me sinto apenas

como lagoa insone

como um porto

já sem embarcações

uma lagoa verde

imóvel e paciente

conformada com suas algas

seus musgos e seus peixes

sereno em minha confiança

acreditando que em uma tarde

te aproximes e te olhes

te olhes ao lhar-me."

Professora em Audiência Pública: colocando os pingos nos is

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quando crescer eu vou ser Psicólogo!

A mente humana é um mistério que intriga os cientistas há séculos. De fato, é difícil saber tudo o que se passa nela, mas o comportamento das pessoas, por exemplo, pode dar pistas do que acontece na cabeça delas. Quem se ocupa dessa relação comportamento-pensamento é o psicólogo!

Mesmo que falem, as pessoas nem sempre conseguem revelar o que se passa em suas mentes. Muitas vezes, elas não se dão conta dos segredos que o seu próprio cérebro é capaz de esconder. Para saber mais sobre si mesmas é que, às vezes, elas necessitam da ajuda de um profissional da psicologia. Depois de muitos anos de estudo, um bom psicólogo é capaz de ajudar as pessoas a resolverem problemas que as incomodam, sejam eles fáceis ou difíceis de se identificar.

Para se formar em psicologia, é preciso estudar tanto sobre o corpo humano, sua anatomia e fisiologia, quanto sobre o comportamento humano, o que leva em conta o ambiente, a vida em sociedade, a cultura. É preciso, ainda, estar permanentemente atualizado sobre tudo isso para tirar conclusões que realmente ajudem os pacientes.